sexta-feira, 6 de maio de 2011

Cubatão quer esquecer ditadura

Apagar o passado

Durante 17 anos os cubatenses foram privados do principal direito do cidadão em uma democracia: o de escolher seu dirigente. Alegando que se tratava de uma questão de segurança, em 4 de junho de 1968 a ditadura militar aprovou a Lei nº 5.449, com base na Constituição de 1967, e declarou a cidade como Área de Interesse para a Segurança Nacional. Desse dia, até 15 de maio de 1985, Cubatão foi dirigido por prefeitos nomeados pela ditadura militar.


Os resquícios desse período sombrio para a democracia estão em vários lugares da Cidade. Não é por acaso que o Jardim 31 de Março (dia do golpe que levou os militares ao poder) tem esse nome. Ou o Jardim Costa e Silva e o Centro Esportivo Castello Branco (nomes de ex-presidentes do período da ditadura).

Agora, a prefeita Marcia Rosa (PT) deflagrou um processo de consulta popular para mudar os nomes de todos os próprios públicos, bairros, ruas e avenidas que ostentem o nome de personagens que fizeram parte ou apoiaram o regime responsável pelo que hoje conhecemos como os Anos de Chumbo do Brasil.

"Mudar esses nomes não significa tentar apagar o passado. Esse período não pode jamais ser esquecido para que ele nunca se repita. Mas também não considero justo homenagear quem apoiou a tortura, homicídios e demais fatos horríveis que mancharam a história do nosso País. Não é correto dar nome de próprios públicos a quem é contra a democracia", explica a prefeita.

Apesar de seu posicionamento, Marcia diz que não vai impor mudança alguma à população. "Vamos fazer audiências públicas com os moradores dos bairros (Costa e Silva e Jardim 31 de Março) para que eles aprovem ou não a modificação", garante a prefeita.

Todo o processo de levantamento histórico dos nomes que substituirão os próprios públicos e bairros está sendo coordenado pelo secretário municipal de Cultura, Welington Borges. Na mesma linha da prefeita, ele considera importante chamar a população para um debate sobre os nomes desses locais. "Queremos que as pessoas discutam se vale a pena ou não homenagear quem tanto fez mal para a democracia".

Fonte: Thiago Macedo/A Tribuna On-line

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