terça-feira, 2 de março de 2010

Família diz que médico e ex-vereador de Cubatão não tinha inimigos

Investigação

Polícia ainda investiga a morte do médico cardiologista e ex-vereador de Cubatão, Anis Rahal Maluf, de 60 anos, executado com um tiro no peito quando dirigia seu automóvel Polo preto, por volta das 19 horas de domingo, no Km 254+800 metros da Rodovia Cônego Domênico Rangoni (antiga Piaçaguera-Guarujá).

O corpo foi velado na tarde de segunda-feira na Câmara Municipal de Cubatão. Depois, foi trasladado para Potirendaba (SP), sua cidade natal, para ser sepultado na tarde desta terça-feira.

Pela aparente trajetória descendente do disparo, segundo observou o delegado Bruno Mateo Lázaro, que compareceu ao local do crime, presume-se que o atirador ocupava um veículo mais alto que o carro da vítima. Esse veículo pode ter sido uma moto, que, em tese, oferece melhor condição de fuga. De plantão no 1º DP de Santos, Lázaro atendeu o caso porque o trecho da rodovia onde ocorreu o crime fica na área continental de Santos.

Na madrugada de segunda-feira, o delegado ouviu a ex-mulher, a filha mais velha e o ex-motorista de Maluf. "Todos foram unânimes em afirmar que o médico não tinha inimigos e nem sofria ameaças", informou a autoridade policial. A vítima tinha outra filha. Para não prejudicar as investigações, Lázaro não revelou outros detalhes apurados preliminarmente.

Contudo, demonstrou ceticismo quanto a possível tentativa de roubo e adiantou que a hipótese de crime passional também está sendo checada. Maluf estava separado. Cerca de cinco disparos foram percebidos na lataria do Polo, no lado esquerdo. Apesar disso, porém, apenas um atingiu a vítima, que morreu no local.

Aguarda-se o laudo pericial para se saber o exato número de disparos e o calibre da arma utilizada. O legista Guilherme Zanutto e o auxiliar de necropsia Almir Mestre, do Instituto MédicoLegal (IML) de Santos, examinaram o corpo do cardiologista ontem de manhã. Eles verificaram que o projétil penetrou na região torácica, perfurando o pulmão esquerdo.

Segundo o delegado, após ser baleado, Maluf perdeu o controle do Polo, que colidiu duas vezes. Na primeira, o carro bateu a lateral dianteira direita na parede do mesmo lado do túnel da rodovia, perdendo uma calota. Em seguida, atingiu a parede esquerda do túnel com a parte frontal, do mesmo lado.

As batidas não foram de grande impacto, apesar de a segunda ter amassado a roda esquerda dianteira. O Polo ficou parado na faixa da esquerda e, por sorte, não havia grande tráfego de veículos naquele momento. Acredita-se que os tiros foram dados fora do túnel. O automóvel Polo da vítima foi atingido por vários disparos no túnel

Vereador em Cubatão no período de 2001 a 2004, o médico Anis Rahal Maluf teve os direitos políticos suspensos e perdeu o mandato em razão de condenação criminal. Ele atropelou um ciclista em Eldorado, no Vale do Ribeira, causandolhe a morte. Maluf, porém, tinha um fiel eleitorado em Cubatão. Quando não pôde se candidatar novamente à vereança por causa da suspensão dos direitos políticos, lançou a candidatura da ex-mulher, Joselina Maluf, a Jô, que foi eleita.

Médico de carreira da Prefeitura de Cubatão, o cardiologista tinha consultório na Rua Assembleia de Deus, no Centro. Ele estava cedido para rede municipal de Saúde de Guarujá, onde fez plantão domingo. Ele almoçou as com as duas filhas na cidade vizinha e encerrou a sua jornada no início da noite, quando supostamente regressava para Cubatão, onde residia, trafegando pela Rodovia Cônego Domênico Rangoni.

O mandato de Jô Maluf foi na legislatura de 2005 a 2008. Nas últimas eleições, o médico disputou a Prefeitura de Cubatão pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), perdendo para Márcia Rosa. Anis Maluf era o vice da chapa encabeçada por Nei Serra. Porém, como Serra teve a candidatura cassada pela Justiça Eleitoral, o cardiologista assumiu o cargo majoritário da legenda no Município.

Sem se eleger, apesar de contabilizar votações expressivas, o médico ainda disputou por duas vezes o cargo de deputado estadual. Popular e benquisto politicamente em Cubatão, Maluf também gozava de bom conceito na comunidade como cardiologista.

Fonte: Eduardo Velozo Fuccia/A Tribuna On-line

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